Histórias
Spinning

Histórias de pescador

Alexandre Barradas Portugal
Alexandre Barradas
22. 09. 2022

Histórias de Pescador

Esta certamente seria uma história de pescador que eu jamais acreditaria, se não tivesse acontecido comigo.

Em pleno mês de janeiro de 2021, pico do inverno e temperaturas pouco agradáveis, com o típico vento a soprar do quadrante norte, como é costume na nossa costa ocidental atlântica, resolvi tentar a minha sorte numa jornada de spinning aos robalos, na companhia do meu pai.

Chegamos ao nosso spot ainda o sol não dava ares da sua graça, e logo iniciamos a nossa ação de pesca, pois não queríamos perder aquela altura em que a maré batia de feição. Dezenas e mais dezenas de lançamentos, testagem de variados tipos de amostras, animações, velocidades de recuperação, em busca de um padrão que resultasse naquela madrugada/manhã, em que nada parecia resultar.

Passadas 2 horas desde o início da nossa jornada, já com poucas esperanças de sentir aquele ataque impiedoso na ponteira da cana, seguido do tão característico “cantar” da embraiagem do carreto, a ideia de levar uma “grade” para casa parecia cada vez mais real.

Numa altura em que o sol já se fazia sentir e os seus raios já iluminavam a água, resolvi mais uma vez trocar a minha amostra por outra que apresentasse cores mais naturais, pois a água apresentava-se bastante “aberta”.

Enquanto trocava o meu isco artificial, sem que nada o fizesse prever, ouço o meu pai a chamar-me, pois na ponta da sua arte de pesca encontrava-se um peixe de grande porte, a julgar pelo vergar da cana. Nesta altura em que o nível de adrenalina sobe pique, a probabilidade de cometer pequenos erros básicos aumenta exponencialmente, e na agitação de querer aproximar-me para ajudar, pousei a minha amostra que acabara de remover da linha numa pedra mesmo à minha frente. Nem segundos se passaram e uma onda maior que todas as outras até então, subiu a praia e “lambeu” a pedra onde eu tinha pousado o meu jerkbait, levando-o assim com o seu recuar. Não queria acreditar no erro crasso que tinha acabado de cometer, mas não havia tempo para tentar procurar, pois estava uma luta com um grande exemplar a decorrer.

Consumada a captura, o exemplar revelou um peso que rondava os 3,5kg.

Estando a maré em constante subida, começou a tornar-se impossível a prática da pesca naquele local, pelo que não nos foi possível insistir por muito mais tempo. Recolhemos as canas e demos por terminada a nossa jornada, salva pelo solitário exemplar capturado.

Esta jornada teria sido a minha última da época, pois vivendo eu em outro país, e estando a disfrutar dos meus últimos dias de férias, não me foi possível voltar a planear outra jornada de spinning. Voltei então para a República Checa, país onde vivo, já ansioso por voltar a Portugal numa próxima oportunidade. Oportunidade essa que aconteceu no mês de abril, altura em que o clima se apresentava chuvoso, a temperatura já estava mais amena, convidando qualquer apaixonado pela pesca a alimentar o seu vício.

Convidei um amigo para me acompanhar nesta jornada que havia planeado, pois as condições meteorológicas pareciam bastante favoráveis para que pudesse vir a haver alguma ação. Não me enganei! Poucos lançamentos após o início da jornada, senti na minha cana aquele característico “estouro” enquanto recolhia a minha amostra, iniciando-se assim a primeira batalha da manhã. Revelou-se um peixe que rondava os 2kg, seguido de outro um pouco mais pequeno, alguns minutos mais tarde.

Estando eu já bastante contente com o decorrer da jornada, resolvi fazer uma pausa para petiscar um snack e também para recolher algum lixo que se encontrava pelas redondezas. Ao andar alguns metros deparei-me com uma enorme corda azul, que tinha sido empurrada pelas ondas para terra, nas marés anteriores. Tentei arrastar a corda, mas devido à sua dimensão e peso, foi-me completamente impossível arrasta-la. Qual não foi o meu espanto quando olho mais atentamente para a corda e reparo que presa a ela está uma amostra, já em fracas condições de uso. Ao aproximar-me para a remover da corda nem quis acreditar no que os meus olhos viam…. Era a amostra que havia perdido em janeiro! Nunca vou poder afirmar 100% que este era o meu jerkbait, mas tal não é a coincidência que 4 meses depois, encontrei na mesma zona da praia onde tinha perdido, um jerkbait da mesma marca, com as mesmas cores.

Gosto de imaginar a história que este pedaço de plástico teria para contar, se pudesse falar. 😊

Levei o jerkbait para casa, restaurei-o, troque-lhe as fateixas e coloquei-o de volta ao lugar que tinha ficado vazio na minha bolsa, desde o dia em que o perdi.

Talvez este jerkbait seja um dos menos apelativos visualmente, entre os que possuo, mas terá sempre um lugar especial na minha bolsa de spinning.

Após esse feliz episódio, já me deu mais alegrias, em outras capturas consumadas.

A pesca é muito mais que simplesmente passar tempo junto à água.

 

Alexandre Barradas

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